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Foto de Patrícia Galelli

Lançamentos em Florianópolis (8 de novembro) e em São Paulo (18 de novembro) 

 

BRASIS QUE A CRÕNICA REENCONTRA 

Livro ESSES HÓSPEDES SEM PESO, de Dennis Radünz, revisita todas regiões do País em relatos do tempo-espaço vividos entre fato e ficção

             

     E se, quando ainda não havia vacina contra a covid, saíssemos para ver o mundo uma "última vez", o que escolheríamos ver? Essa hipótese extrema foi respondida por Dennis Radünz no livro Esses hóspedes sem peso (Editora Nave, 128 páginas) e sua escolha é inusual: iria voltar à Pedra do Peixe, às margens do rio Guamá, em Belém do Pará, para “ver a madrugada da Amazônia”, uma imagem plena de vida que, segundo o escritor, contrastava com a tristeza do confinamento no Sul.  

       Como docente de escrita dos programas de literatura do Sesc (Serviço Social do Comércio), Dennis Radünz esteve, de 2014 a 2018, nas capitais Belém, Cuiabá, Maceió, Palmas, Rio Branco e Vitória, além de Garanhuns (PE), Londrina (PR) e Paraty (RJ), todas cidades a que ele voltou “de memória” durante a pandemia, reescrevendo e revivendo anos depois o que tinha visto “in loco” numa linguagem musical e poética. Nascido em Blumenau e vivendo desde 2001 na Ilha de Santa Catarina - Florianópolis -, o estado natal está presente nas crônicas sobre a foz do rio Itajaí-açu, sobre o trem em Jaraguá do Sul e a desaparição, pelos aterros, da Ilha do Carvão na baía sul da capital catarinense. A segunda parte do livro, “Vidas lidas”, inclui “Causas incidentais da leitura”, meditação fragmentada sobre a morte de sua mãe com citações variadas (de Nastassja Martin ou relato de sonho a um calendário de 1989 que o calendário de 2023 repete literalmente), e uma série de poemas em que a sua leitura de cinco escritoras – Isabela Figueiredo, Lina Meruane, Maria Esther Maciel, Sylvia Molloy e Valeria Luiselli – se conjuga aos ‘retratos falados’ das suas próprias avó, mãe, irmãs, sobrinha e namorada.

       Com edição e projeto gráfico da escritora e artista Patrícia Galelli, “Esses hóspedes sem peso” cita a obra do escritor W. G. Sebald no uso das fotografias feitas pelo autor em todos os lugares visitados no Brasil, enquanto a imagem da capa registra o escritor andando no molhe da rambla de Montevidéu, na foto feita por Galelli: estar no exterior evidencia o caráter nômade desse livro de reviagens. Parte dos textos foi publicada em revistas impressas e digitais, incluindo-se a "Espacios Transnacionales" da UNAM (Universidad Nacional Autónoma de Mexico) – e três das crônicas se tornaram curtas-metragens, como "Ilha do Carvão" (2016) e "O corpo de água que ainda sou" (2023) e "Além, logo, lentamente" (2023) realizados por Fábio Brüggemann e Rodrigo Amboni, com narração e atuação de Dennis Radünz.      

       “Eu não tinha idade, nos anos de chumbo, para guardar a minha infância entre os pertences que seriam salvos”, escreve Dennis na crônica “Infância em B.”, no que se convencionou chamar “escrita de si”, no termo de Michel Foucault, mas os textos têm também áreas de diário impessoal, ensaio e poesia em prosa e procuram registrar o “trivial cotidiano”. A sua travessia de bicicleta pela ponte de 8 quilômetros sobre o rio Tocantins, em Palmas, por exemplo, ou o fato de dezenas de pessoas se abraçarem mudas no aeroporto de Rio Branco, no Acre, “como se abraçassem árvores”, são alguns dos ambientes e das atmosferas que o escritor recria na linguagem que “afinou” nos quatro anos de experiência como cronista semanal do jornal Diário Catarinense. Escrever crônica é estar à escuta: “o mundo seco do agreste, no quilombo de Castainho, Garanhuns, é a evidência de que há muitos brasis dissonantes dentro do Brasil”, diz o autor, que afirma ter escrito essa crônica “só para guardar a voz de Geraldo”, o líder quilombola local. “Em 22 anos de vida em Florianópolis, não sei se posso dizer que conheço essa cidade. As minhas visitas a esses lugares próximos e distantes de todas regiões são tentativas de descobrir como as vidas são lidas, e quais são as suas línguas, então fico à escuta do que vejo: sou hóspede sem peso”, conclui Dennis Radünz.

 

Um livro da Editora Nave

Algumas visitações e reviagens do livro ESSES HÓSPEDES SEM PESO

REVIAGENS E RELEITURAS: De cima para baixo: 1) Cartão-postal da desaparecida Ilha do Carvão; 2) Odete Dias (1950-2022), mãe de Dennis, tema principal de "Causas incidentais da leitura"; 3) casa de taipa no quilombo Castainho em Garanhuns (PE); 4) centro de Rio Branco, Acre; 5)  Centro Geodésico da América do Sul, Cuiabá; 6) travessia de bike no rio Tocantins, Palmas; 7) barcos na Pedra do Peixe, Belém; 8) porto de Vila Velha visto de Vitória; 9) lago Igapó, Londrina (PR); 10) praia da Jatiúca, Maceió; 11) sinal de trânsito em Paraty (RJ); 12) cadeiras à espera no HU - UFSC, em "Quando o acaso disser o seu nome", série de poemas a partir de leituras de escritoras brasileira e internacionais.            

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